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Historiador afirma que mudança no nome da Ladeira da Praça não faz sentido: "referência não existe mais"

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Historiador afirma que mudança no nome da Ladeira da Praça não faz sentido: "referência não existe mais"

Ainda na entrevista, Jaime Nascimento explica que o grupo se reunia na casa da Ladeira da Praça, uma local que não existe mais

Historiador afirma que mudança no nome da Ladeira da Praça não faz sentido: "referência não existe mais"

Foto: Carla Astolfo/Metropress

Por: Metro1 no dia 08 de maio de 2024 às 20:13

Atualizado: no dia 08 de maio de 2024 às 20:13

Em 2024 a Ladeira da Praça, no Centro Histórico de Salvador, ganha um novo nome. O local, que agora se chama “Ladeira Revolta dos Malês”, teve o nome alterado na última quinta-feira (2), após proposta da vereadora Marta Rodrigues, aprovada na Câmara e sancionada pelo prefeito Bruno Reis.

Em entrevista ao Jornal da Cidade, da Rádio Metropole, o historiador Jaime Nascimento explicou sobre as recorrentes mudanças nos nomes de ruas na cidade. Segundo o historiador, o episódio da história da Bahia é discutível. "Malê é muçulmano e é sobre escravizados muçulmanos que pretendiam instalar um califado na cidade da Bahia. E a primeira ação deles era exterminar toda elite branca de salvador e na sequência continuar o estado de escravização contra negros não muçulmanos", menciona.

Para Nascimento, "essa conversinha de quem leu a orelha de algum trabalho e pensa que entende do assunto, argumentando que o episódio buscava a liberdade, se engana. Buscavam a liberdade para os negros escravizados muçulmanos, aqueles que seguem a religião do profeta, Alah. E eles continuam não se misturando com os outros". O historiador diz que essa religião não admitiria a existência das outras, principalmente do candomblé, que tem outra configuração.

Ainda na entrevista, Jaime Nascimento explica que o grupo se reunia na casa da Ladeira da Praça, uma local que não existe mais. "A ladeira da praça foi alargada na gestão do prefeito Durval Neves da Rocha. A única casa colonial no local, é a Casa dos Sete Candeeiros que pertence ao IPHAN. Então, porque mudar o nome daquele lugar se a referência não existe mais?", questiona.

No ponto de vista da Câmara, alguns vereadores são contra a iniciativa, mas ficam reféns das milícias identitárias que em algum momento se tornam milícias digitais, é o que argumenta Nascimento. "Pode ser acusados dos ismo, racismo, machismo, etc. Ou se abstém ou vota a favor por medo. Como para maioria deles isso não é importante, eles estão presos em seus currais eleitorais e em fazer papel de despachante, pedindo para prefeitura 'capine aqui, jogue uma borra de asfalto ali, mude a iluminação de acolá'. Se vai mudar, pouco importa para eles", conclui.