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Historiador Júlio Pimentel explica conexões entre história e ficção: “É uma via de mão dupla”
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Historiador Júlio Pimentel explica conexões entre história e ficção: “É uma via de mão dupla”
Escritor e jornalista lançou o livro “Sobre literatura e história: Como a ficção constrói a experiência” que trata do tema
Foto: Reprodução Rádio Metropole
O historiador e jornalista Júlio Pimentel Pinto lançou no mês de março o livro Sobre literatura e história: Como a ficção constrói a experiência. Nesta terça-feira (16) o autor deu detalhes sobre a obra à Rádio Metropole e explicou a capacidade da história e a ficção afetarem a construção umas das outras.
Como maneira de exemplificar a relação entre os termos, Júlio utilizou uma crônica construída por Machado de Assis, em 19 de maio de 1988, seis dia após a promulgação da Lei Áurea, onde ele contou a história de um senhor de engenho que se vangloriava por ter libertado um homem escravizado, a quem Machado chamou de Pancrácio, mas ainda o mantinha trabalhando para obter em troca apenas alimentação.
“É um texto imaginativo, não existe toda aquela situação que ele narra, por outro lado, o que está no conto? A persistência de uma mentalidade escravista. Seis dias após a abolição o Machado escreve um texto de ficção em que ele mostra de que forma uma certa fração da sociedade brasileira concebia a relação com os escravizados e como persistia essa mentalidade e conduta escravista”, disse.
O escritor ilustrou ainda as principais diferenças da história e da ficção: a primeira tem um compromisso com a verdade buscada em qualquer tema que seja tratada; já a segunda trabalha com a imaginação, mas que é influenciada pelo contexto histórico em que se vive naquele momento.
“A ficção nos permite ter com frequência uma visão mais abrangente e pode construir a experiência passada e nos dar chance de olhar para o passado, enxergá-lo nas suas tensões e complexidade. É uma via de mão dupla, a experiência histórica afeta a produção da ficção e a ficção afeta a história, porque conforme a gente lê, a gente vai adotando certos comportamentos, assumindo certos valores. Sempre há essa impregnação da experiência vivida com a experiência imaginada e é muito interessante pensar de que maneira cada época imagina e narra o que está vivendo e como isso é afetado por uma série de condições pessoais, sociais e por essa capacidade de enxergar o mundo que cada época tem a própria”, elucidou.
O livro de Júlio Pimentel Pinto pode ser encontrado nas livrarias físicas e digitais. Confira a entrevista na íntegra:
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