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Sexta-feira, 29 de março de 2024

Política

Presidente do PSB chama sistema político de 'necrosado' e diz que Joaquim Barbosa poderia livrar o país do caos

"O sistema necrosou, para não dizer que apodreceu", disse o dirigente partidário

Presidente do PSB chama sistema político de 'necrosado' e diz que Joaquim Barbosa poderia livrar o país do caos

Foto: Metropress

Por: Matheus Simoni no dia 06 de agosto de 2020 às 12:54

O presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, avaliou os danos da eleição de Jair Bolsonaro à presidência da República em 2018 e como o país passa por uma profunda transformação desde a implementação da Constituição Federal de 1988. Em entrevista a Mário Kertész hoje (6), durante o Jornal da Metrópole no Ar da Rádio Metrópole, ele avaliou que o sistema político está "necrosado".

"Esse sistema apresentou resultados no início, porque a Constituinte foi um grande momento. Depois os direitos sociais oriundos da Constituinte, entre os quais, diferentemente do que dizem que foi a era do PT dos Direitos Sociais, nós socialistas entendemos exatamente o contrário. Tudo de mais importante foi antes do PT chegar no poder. Foi a constituição do Sistema Único de Saúde, a Universalização do Ensino Básico, a criação do seguro-desemprego, assistência social e previdência. Tudo isso custa muito caro e são políticas sociais de estado que resultaram em grandes benefícios sociais à maioria da população brasileira", declarou Siqueira.

"Depois disso, começou uma fase de esgotamento. O partido que era o carro-chefe dessas reformas, que todos nós que fazemos política participamos era o MDB e depois o PMDB. Tem uma história belíssima de combate ao regime militar, mas foi se corrompendo ao longo do tempo. Mas não foi só ele, todos os demais também. O sistema necrosou, para não dizer que apodreceu", acrescentou.

Em uma avaliação sobre os rumos das eleições de 2018, Carlos Siqueira comentou a busca do PSB por Joaquim Barbosa, ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). O jurista, que teve grande atuação no julgamento do caso do Mensalão, chegou a ser contado para disputar o pleito, mas não fechou acordo.

"O eleitor não estava querendo, ele queria alguém de fora do sistema para mudar o sistema. A classe política se recusou, inclusive meu partido, com algumas lideranças importantes, quando eu, durante oito meses, convenci o Joaquim Barbosa que ele deveria ser o candidato fora do sistema para mudar o sistema político. Ele aceitou essa ideia, embora nunca tenha declarado que tinha aceito. Nós também dizíamos que iríamos discutir o que queríamos. Era alguém de fora do sistema para mudar o sistema político e tudo isso", afimou o presidente do PSB.

"Ele aceitou, mas depois que fizemos uma reunião com os quatro governadores da época, ele ficou desconfiado que poderia não ter a legenda e, por isso, desistiu. Alguns duvidaram da análise que tínhamos de que era uma eleição atípica. Achavam que eu dizia heresia", contou. 

Siqueira confirmou que o patido buscou uma autocrítica após as eleições de 2018. "Nós do PSB temos uma parcela de responsabilidade. Se tivéssemos incentivado Joaquim e ele tivesse sido candidato à presidência da República, nós estávamos livres de tudo o que estamos passando em matéria de ameaça autoritária", avaliou o dirigente partidário.