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'Futebol brasileiro está de cabeça para baixo', diz presidente do Bahia

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'Futebol brasileiro está de cabeça para baixo', diz presidente do Bahia

Bellintani avalia que medida assinada por Bolsonaro quebra monopólio de transmissão e obriga que clubes deixem de ser "preguiçosos"

'Futebol brasileiro está de cabeça para baixo', diz presidente do Bahia

Foto: Metropress

Por: Matheus Simoni no dia 07 de julho de 2020 às 09:00

O presidente do Bahia, Guilherme Bellintani, avaliou a assinatura da Medida Provisória 984/2020, editada pelo presidente Jair Bolsonaro, que muda as regras dos direitos televisivos de transmissão das partidas de futebol. Para o dirigente tricolor, a mudança traz novos rumos para os clubes brasileiros. Na avaliação de Bellintani, o futebol no país está virado "de cabeça para baixo".

"Já vinha de um histórico de dificuldade grande de clubes que cometeram irresponsabilidades e gastam mais do que arrecadam com uma gestão desastrosa. Desde 2019 já tinha uma situação muito difícil. 2020, com a pandemia, se acentuou. Fecharam as torneiras de patrocinadores. Contratos de TV completamente desequilibrados e suspensos. Pagamentos sendo inviabilizados e calendário atrasado. Na parte macroeconômica, PIB negativo no país, falta de direcionamento para onde iríamos parar com isso tudo. Num tema macro, muita intervenção estatal até para quem defendia muito o estado mínimo. Muita gente tem que refletir sobre isso. Se tivéssemos um estado mínimo num momento como esse, como é que estaríamos nessa circunstância? Se o estado não fosse socialmente capaz de fazer uma atuação social num momento como esse, como estariam as pessoas que passam dificuldade e precisam do braço do estado? Tudo isso se reflete e tem impacto no futebol", questionou, em entrevista a Mário Kertész hoje (7), durante o Jornal da Bahia no Ar da Rádio Metrópole

Ainda segundo o presidente tricolor, a mudança pode permitir uma comercialização mais equilibrada entre os valores praticados no mercado futebolístico. "Isso muda a lógica e coloca o Brasil na mesma regra que os outros países importantes do mundo, a Europa inteira é assim. O Bahia defende e é muito proveitosa a ideia. Vai permitir que o futebol brasileiro comercialize melhor os contratos. O grande dilema é, os contratos que já existiam seguem existindo, precisam ser cumpridos. Os contratos que não existiam, o caso do Flamengo, que não tinha vendido o campeonato carioca para a Rede Globo, passa  a negociar seus jogos como mandante para qualquer um", disse. 

"O Bahia está se atualizando. A gente já vinha construindo uma plataforma de streaming. Eu diria que a gente está num modelo diferente dos outros clubes do Brasil. Vamos conseguir fazer uma inovação muito grande e consistente nessa parte de produtos para o futebol", acrescentou Bellintani. 

Ele afirma que, diante da alteração proposta pela nova legislação, os clubes vão precisar deixar a fase "preguiçosa" e buscar mais formas de negociar os contratos. Para Guilherme Bellintani, a divergência de Bolsonaro com a Rede Globo pode ter surtido efeito positivo para os clubes. "Para mim está muito claro que o presidente Jair Bolsonaro, quando emitiu a MP, foi motivado talvez, falando um pouco da divergência dele com a Globo, talvez querendo tirar o monopólio de TV da transmissão do futebol. Mas a consequência disso é enorme e vai muito além de quebrar o monopólio", avaliou.

"O futebol, o que iria viver ao longo de 10 anos, vai viver em 6 meses ou 1 ano nos modelos de comercialização dos direitos, somado a isso a necessidade dos clubes serem menos preguiçosos. Está enterrada a fase da preguiça do futebol brasileiro. Os clubes estão muito acostumados a assinar contratos e esperar o dinheiro entrar. Só que cada vez mais vai estimular que a gente tenha inovação, que levante a bunda da cadeira e não fique sentado esperando o dinheiro chegar", finalizou.