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Escalada de um conflito: Na Metropole, Breno Altman comenta onda antissemita e consequências da disputa entre Irã e Israel

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Escalada de um conflito: Na Metropole, Breno Altman comenta onda antissemita e consequências da disputa entre Irã e Israel

No último sábado (13), o Irã respondeu, com 300 drones e mísseis, um ataque de Israel contra a embaixada iraniana na Síria

Escalada de um conflito: Na Metropole, Breno Altman comenta onda antissemita e consequências da disputa entre Irã e Israel

Foto: Metropress/Isabelle Corbacho

Por: Metro1 no dia 18 de abril de 2024 às 12:40

Matéria publicada originalmente no Jornal Metropole em 18 de abril de 2024

Um conflito envolvendo Irã e Israel deixou o mundo em alerta nos últimos dias. Estados Unidos, França, Reino Unido, Canadá, Austrália e outros países chegaram a emitir avisos à sua população e diplomatas. O sábado (13), em especial, foi marcado por tensão, com a resposta iraniana a um ataque contra sua embaixada na Síria, atribuído a Israel. Cerca de 300 drones e mísseis foram enviados na retaliação, mas a resposta foi tida como “contida”. Em entrevista à Metropole, Breno Altman , jornalista fundador do Opera Mundi, analisou o cenário do conflito e a onda antissemita no mundo.

O ataque de Israel à embaixada deixou ao menos sete iranianos mortos no dia 1º de abril. A resposta do Irã foi classificada por Altman como “telegrafada e pontual”. Os 300 drones levaram horas para chegar ao seu destino e parte deles foi derrubada pelas Forças israelenses e aliadas. Logo em seguida, o governo iraniano anunciou que havia concluído os ataques e só reagiria novamente se Israel respondesse.

“O Irã não podia deixar de dar uma resposta. Foi uma agressão violenta e o ataque a uma instalação diplomática, além de ferir convenções internacionais, é considerado um ataque ao país representado. Mas o Irã escolheu uma resposta contida. Soltou todos os sinais, com dias de antecedência, de tal maneira que Israel pudesse ampliar sua defesa e os danos fossem de baixa intensidade”, avaliou o jornalista.

Isso porque o Irã não tem interesse na escalada desse conflito, que só iria gerar impactos para sua economia e sociedade, que tentam se reestabilizar. Mas, do outro lado, segundo Altman, há, sim, em Israel o desejo de aumentar essa sensação de escalada do conflito. O objetivo com isso seria fazer com que os Estados Unidos voltassem a apoiar incondicionalmente o governo de Netanyahu, o primeiro-ministro israelense que vem orquestrando os ataques à Faixa de Gaza na guerra contra o grupo Hamas. Mas, para tanto, ele dependia de uma retaliação do Irã em largas proporções, o que não aconteceu. “A resposta iraniana foi proporcional, dentro do direito internacional. Uma resposta contida para evitar a escalada”.

O receio de instituições internacionais, como a própria ONU e até o Itamaraty, que já afirmou que acompanha com preocupação a situação, é que os conflitos se tornem uma guerra generalizada no Oriente Médio. No Conselho de Segurança da ONU, Irã e Israel trocaram acusações e cobraram sanções. Enquanto o representante israelense disse que a máscara do Irã como “patrocinador global do terrorismo” caiu, o iraniano justificou a retaliação afirmando que “não teve outra escolha a não ser exercer o direito de autodefesa”, o mesmo argumento é utilizado por Israel nos ataques à Faixa de Gaza. Mas, para Altman, há uma expressiva diferença entre essas alegações. “O Irã usou o direito de autodefesa de forma muito contida. Já Israel, com o Hamas, protestou a autodefesa para um ataque incessante de características genocidas”, diferencia.

Como judeu, Breno Altman destaca a volta de um crescente movimento de ódio aos judeus. E, para ele, esse renascimento tem relação direta com os ataques de Israel aos palestinos, orquestrados pelo primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu. “O sionismo foi muito bem-sucedido nessa campanha de se identificar ao judaísmo, assim, para as massas do mundo, quem está cometendo esses crimes na Faixa de Gaza são os judeus”, pontuou Altman.

A onda antissemita

O sionismo, como explicou Altman, é uma corrente ideológica do judaísmo, que surgiu no final do século 19, como uma solução muito específica para a perseguição que os judeus sofriam há séculos. Para isso, a proposta do movimento é criar um Estado de supremacia racial judaica, nas terras ancestrais do judaísmo, a antiga Canaã e hoje Palestina. “Só que tem um problema: 85% da população da Palestina, desde o século 9, eram de árabes palestinos. Os judeus eram apenas 5% da população na região. Como seria possível construir um Estado de supremacia racial judaica num território desse? Só havia um caminho que era a colonização, o extermínio, limpeza étnica do povo majoritário”.

“O Estado de Israel, um regime político de apartheid, configurado pela lei. Em 2018, o parlamento israelense aprovou a resolução e transformou em uma lei básica que o Estado de Israel é um Estado judeu, sob supremacia judaica e que os outros povos têm o direito de habitar o Estado desde que respeitem o caráter judaico do estado. É legalmente um estado racista desde 2018. Antes já era, mas não havia essa transparência toda própria da extrema-direita de Netanyahu”, explicou.