Reativado desde 17 abril, Conselho de Ética da Alba ainda não realizou uma só reunião

Mais de três semanas após ser instalado, o Conselho de Ética da Assembleia Legislativa da Bahia (Alba), ainda não teve um só encontro e nem definiu quando discutirá o eventual processo de cassação do deputado estadual Binho Galinha (PRD), suspeito de comandar uma milícia ligada ao jogo do bicho na região de Feira de Santana. A inércia na agenda do conselho é resultado do Regimento Interno da Casa. Segundo apurou a coluna, como não recebeu acusação formal sobre nenhum parlamentar por quebra de decoro, incluindo Binho Galinha, o colegiado não precisa abrir os trabalhos efetivamente. Para que isso ocorra, será necessário apresentação de denúncia formal contra o deputado. Nos corredores da Alba, a interrogação da vez é: quem terá coragem de encaminhar a representação?

Existe, mas não funciona
"Até o momento, o Ministério Público do Estado (MP) apenas compartilhou com a Alba o material da operação (El Patron) contra Binho Galinha. Mas se trata de uma deferência ao Poder Legislativo, sem efeito prático. Para que o Conselho de Ética abra processo de cassação e comece a analisar o caso, é preciso que alguém protocole a denúncia", explicou um dos deputados nomeados como membro titular do colegiado, que só foi reativado após pressão da imprensa e cobrança pública do próprio presidente da Alba, Adolfo Menezes (PSD). Isso porque, desde que a Polícia Federal elevou o cerco ao deputado, há quase dois meses, a base aliada ao governo Jerônimo Rodrigues (PT) resistia a indicar os integrantes da maioria para compor o conselho. O que só ocorreu no início de abril.

Marcha de avanço
O Avante consolidou o plano para se tornar um dos três partidos de maior expressão na base aliada ao Palácio de Ondina. Sob comando do ex-deputado federal Ronaldo Carletto, a sigla conseguiu multiplicar de dois para 62 o número de prefeitos no estado em quase um ano, tornando-se a segunda maior força do eixo governista em quantidade de chefes do Poder Executivo na Bahia, abaixo somente do PSD. Ao mesmo tempo, chegou ao fim de abril com 42 vice-prefeitos e 462 vereadores filiados em todo o estado. 

Rede de arrasto
A força do Avante, que tomou o lugar antes ocupado pelo PP na base aliada aos petistas, ficou patente no último sábado (04), quando o encontro nacional da legenda realizado em Salvador reuniu os três pesos-pesados do PT baiano: o ministro da Casa Civil, Rui Costa; o senador Jaques Wagner e o governador Jerônimo Rodrigues. O passo seguinte do partido será dado na sucessão municipal, onde já tem posicionados 180 pré-candidatos a prefeito. Caso assegure a vitória de ao menos metade desse contingente, pode chegar em 2025 à frente do PSD.  

Ciúmes de você
O empenho do Palácio Thomé de Souza em garantir a eleição do ex-presidente da Limpurb Omar Gordilho (PDT) na corrida por uma vaga na Câmara Municipal de Salvador criou ciumeira nos demais integrantes da bancada do partido. Em especial, Anderson Ninho, que esperava ser o candidato mais votado da legenda por causa do apoio do deputado Elmar Nascimento (União Brasil), cotado para suceder o alagoano Arthur Lira  (PP) no comando da Câmara Federal. Contudo, tanto o prefeito Bruno Reis (União Brasil) quanto a vice, Ana Paula Matos (PDT), trabalham ativamente para vitaminar Gordilho. 

Valsa da despedida
O bloco dos pedetistas descontentes com os esforços de Bruno Reis e Ana Paula para alavancar a votação de Omar Gordilho inclui ainda as vereadoras Débora Santana e Roberta Caires. Ambas deixaram o Avante e o PP, respectivamente, e migraram para o PDT na última janela de trocas partidárias a pedido da articulação política da prefeitura. Como os cálculos mais realistas apontam que a sigla conseguirá eleger três nomes este ano, Débora e Roberta admitiram a aliados próximos que temem não renovar o mandato em outubro. 

Contramão nacional
Nova pesquisa do Instituto Paraná aponta o eleitorado nordestino como o mais favorável à liberdade de expressão plena, em comparação com o das outras regiões do país. De acordo com o levantamento divulgado nesta terça-feira (07), 37,2% dos entrevistados no Nordeste acreditam que o cidadão deve estar livre para dizer e escrever o que pensa, contra 33,2% do Norte e Centro-Oeste, 32,5% do Sul e 28,8% do Sudeste. Entre os que acham que a pessoa pode ser punida pelo que diz e que escreve, os nordestinos aparecem com o menor percentual, 54,8%, bem abaixo dos entrevistados do Sudeste (65,2%), Sul (62,6%), Norte e Centro-Oeste (59,4%).

Só se vê por aqui
A Bahia não para de reforçar a tese criada pelo célebre ex-governador Otávio Mangabeira  - a de que, no estado, tem precedente para todo tipo de absurdo. Prova disso é a Câmara de Vereadores de Cachoeira, cujo espaço foi aberto nesta terça-feira para velar o corpo da cafetina mais famosa do Recôncavo, Renides Alcântara dos Santos, a Dona Cabeluda, que morreu na segunda-feira (06) aos 80 anos.